CORAÇÃO DE MÃE SEM DESCANSO
Mais um dia que Isadora havia se ausentado de casa. A fuga habitual era para o bosque próximo ao sítio. Maria perdia a paciência e saía à busca da menina.
- Isa! Isa! Isaaaaaaa! Volta aqui agora!
Suando em bicas pela caminhada, e quase rouca pelo esforço dos gritos, Maria procurava a filha. Com os olhinhos mais azuis que o Céu, a expressão traquinas em sua bela face, e com a risadinha que desarmava qualquer coração em guerra, Isa apareceu cheia de flores em suas mãos, orelhas e entre os fios do cabelo cor de mel.
- Estou bem, mamãe! Já ia voltar... Toma, esta é para você!
Entregando para a mãe um ramalhete de sempre-vivas. A menina sorriu, e esticou os bracinhos querendo colo.
- Isinha, meu amor, você tem apenas três anos, apesar de esperta e inteligente, não deve sair para a mata sozinha, é perigoso. Já lhe avisei tantas vezes. Precisa ouvir mais a mamãe.
A menina balançava a cabecinha em aprovação às orientações, mas Maria sabia que na manhã seguinte ela teria esquecido as ordens, e de novo voltaria para a sua aventura.
Ainda era bem cedo, o Sol mal despontara quando Maria deu falta da Isadora em seu quartinho. O desespero bateu na garganta deixando a mãe trêmula e sem voz. O pressentimento assombrou a mente, como um presságio prevendo o pior. O sinistro aconteceu. A criança sumira feito poeira no vento sem deixar rastros nem nada. Pelo trajeto nenhuma flor arrancada, apenas os chinelinhos da criança. Maria estava quase desfalecendo quando avistou a menina sentada à beira do rio ao lado do pai. As lágrimas escorreram em meio ao grito de alegria. Alívio imediato.
Adendo: criança precisa de vigilância e proteção constante. Um piscar de olhos e se perde o bem mais precioso.