FAÇA POR MIM (BVIW)
Uma profissional queixava-se pela falta de tempo para cuidar da filha de um aninho, e que contrataria uma babá até que se organizasse no trabalho. E foi alertada pela amiga.
- Vai abdicar do amor materno na primeira fase? Por que não prioriza a menina? Reveja seus horários, e não faça isso! Você não tem ideia dos sulcos psicológicos que deixará nessa criança. Trabalhe remotamente, pegue menos processos. Administra e otimize o seu tempo.
As palavras incisivas impactaram a advogada, que a expressão do rosto foi tomada pela mescla de choque e vergonha. Não teve resposta, mas havia visível incômodo. Esse episódio levou-me a avaliar: quantas vezes terceirizamos até, além dos serviços, os sentimentos. Que garantias há numa relação baseada em deixar a responsabilidade para terceiros cuidar dos bens de imensurável valor. De fato, não tem como avaliar os estragos se permitimos que outras pessoas assumam o controle emocional, quando é da própria competência executar, e que deveria ser intransferível. De certo que o mundo evoluiu a jato, e temos ofertas para variados benefícios. Basta, no entanto, saber o momento adequado de se valer desses recursos. Na maioria das vezes é por comodismo, e não necessidade. A falta de planejamento e de consciência do que é de maior relevância tem desestruturado muitas relações. Não apenas no âmbito familiar, também, no profissional. É cômodo delegar tarefas para terceiros quando ela é cansativa ou entediante. O resultado, no entanto, poderá ser bem mais custoso.
Tema proposto pelo BVIW - Terceirizado
(BVIW - *BECOMING VERY IMPORTANTE WRITER/ "Tornando-se um escritor muito importante").