RAIVA DAS INGRATAS! (BVIW)
Na redondeza não havia casal mais cômico. Parecia criança. Os anos se passaram, mas o espírito não envelheceu.
- Didico, homem de Deus! Corre aqui no terreiro! Espia que é o fim do mundo... O céu desceu!
O chão salpicado de pirilampos, e com o breu da noite de Céu encoberto de nuvens carregadas, parecia mesmo que a terra estava de ponta a cabeça. Mizinha chorava de tanto rir. Gostava de fazer piada com o marido.
- Eita mulher mais boba! Não sei como ainda caio nas suas bobices! – Rindo, voltou para as notícias da TV balançando a cabeça.
A mulher gostava das noites de vagalume. Aquelas estrelinhas aladas, como costumava dizer, enchiam seus olhos de alegria e infinita paz. Paz essa que foi roubada com o seu próprio grito: - Ah, suas DIABAS!
O marido veio a galope com um porrete na mão. Olhando assustado para Mizinha, perguntou:
- Que foi desta vez? Caí de novo em outra pegadinha?
- Não. Quem caiu fui eu! Essas formigas gulosas depenaram minhas roseiras todas! Estavam tão lindas... Não ficou uma pétala ou folha de souvenir. Que raiva! Queria virar um tamanduá e acabar com a raça dessas pragas!
- Amanhã preparamos um repelente natural, assim eliminaremos toda colônia. – Didico confortou a mulher desolada.
- E lembrar que quando criança eu colocava torrões de açúcar e farelo de pão para essas cabeçudas! Adorava vê-las carregando em fila indiana. - Antes de entrar, chateada, e pensando na própria generosidade com as formiguinhas na infância, gritou:
- Suas ingratas!