NÃO É TROCANDO DE BIQUINI! (BVIW)
Émile esqueceu do ENEM por ter se distraído com a música. Tinha o costume de criar na mente um videoclipe para cada canção que gostava. Nem viu a hora passar, e ficou a ver navios quando a mãe, em desespero, entrou no quarto. Perdeu a prova, ganhou a bronca.
Juarez enchia os olhos de lembranças quando ouvia determinada melodia. As lágrimas deixavam sua mulher cismada de que o choro era saudade de algum rabo de saia do passado. O coitado se lembrava, na verdade, da infância difícil quando a mãe saía para trabalhar, enquanto o dono do boteco, Seu Lorisval, ouvia toda manhã a mesma música até que, graças a Deus, o disco arranhou.
Zuleide se empolgava no Karaokê, e desafinava nas notas mais estridentes. A sala, sem proteção acústica, gerava reclamações dos vizinhos nas manhãs seguintes aos shows particulares. E se achava injustiçada, porque se sentia feliz cantando, além de acreditar ter bela e afinada voz. Ao menos ela se amava!
Paulo cresceu ansioso, e tinha mania de querer consertar o passado. Mas como!? Por isso se torturava quando recordava o vizinho cantando errado a letra da música, e nunca se perdoou não ter corrigido. A vontade era a de ter gritado a plenos pulmões:
- NÃO É TROCANDO DE BIQUINI SEM PARAR, SEU INCULTO! É “TOCANDO B.B. KING!”
A diarista ouviu Paulo gritando essa mesma frase certo dia. De certo imaginou ser pesadelo. O pote de sorvete sobre a pia estava vazio.
Tema proposto do BVIW: Culpa da Música!
Foto tirada da Capa de CD
