O EXTREMO NO RELACIONAMENTO (BVIW)
Conheço pares de amigos que não se relacionam bem com seus pais ou algum parente. Não se visitam nem se falam. Até lamentei, certo dia, porque gosto tanto dos meus amigos, e me reservo de ficar fora do fogo cruzado entre os dois. Embora ambos preservem a ética de nunca criticarem um ao outro ou de comentarem o motivo do desenlace. Nem eu questiono.
- Ah, recebi uma mensagem de aniversário do seu pai!
- Posso sanar uma dúvida? – O amigo parecia contrariado, e consenti:
- Incomoda a minha situação com meu pai? Isso interfere na nossa amizade?
Expliquei-lhe que não altera em nada no que sinto nem por um ou pelo outro. E que vejo assim: cada pessoa tem seu lado A e seu lado B. O pai pode ser um senhor maravilhoso, que tem diferenças com o filho. O filho pode ser um rapaz maravilhoso, que tem diferenças com o pai. E isso não os torna pessoas más. Todos temos uma unha encravada de convivência, e se não cuidarmos, ela ficará machucando a carne até que se tenha coragem e vontade de resolver para nos livrarmos do sofrimento.
Não julgo nem sou de condenar, e procuro respeitar as atitudes alheias. A escolha é deles, e cabe somente aos dois resolverem, sem opiniões ou críticas externas. Uso de cautela para relacionamentos, sejam familiares ou amizades, porque entendo, a fragilidade da alma assemelha-se à do cristal. Uma palavra que soe mais aguda ou um gesto mais impetuoso, pode partir um coração delicado ou estragar um momento especial. Desejo união, nunca rupturas. É isso.