OLHOS DE LABAREDAS (BVIW)
Era dia de semana, mas era feriado, e Niza havia sido convidada para a festa em fazenda vizinha. - Vou nada! Vou é cair nos braços de Morfeu com o meu Romeu! Gostava de ficar, nas horas folga, deitada com seu amado debaixo da velha árvore, localizada bem ao fundo da casa principal no sítio em que morava. O local era palco de histórias assombrosas, contadas e recontadas, passadas na tradição de boca em boca, dizendo haver alma penada vagando por aquelas terras. Niza e o companheiro Zé nunca se importaram com as crendices replicadas pela redondeza. Chegou o dia, porém, desse pensamento mudar. À noite, enquanto os amigos se dirigiam para o arraiá do Sr. Droaldo, o casal foi se aninhar debaixo da mangueira. Conversa fluía animada, de repente Niza fica imóvel e em silêncio com os olhos arregalados. Mesmo pelo lusco fusco do lampião, Zé pôde ver o espanto da mulher.- Que foi, Nizinha? Que pavor todo é esse na cara? De um salto Niza se colocou de pé a correr para dentro de casa, e sem entender, corria Zé atrás dela. Depois de goles de água, Niza contou que vira em cima da árvore algo anormal, possível fantasma que tanto diziam os sitiantes. - Ficou lá de cima me espiando com olhos de labaredas! Os dois nem quiserem pernoitar no sítio, trocaram roupas, levaram uma pequena mala, e partiram para a pousada de Dona Cotinha. O sítio foi posto à venda, tamanho o susto da mulher, antes tão cética! Quem comprou meses depois foi o vizinho Gerson, que logo verificou a árvore. A aparição nada mais era que a pandorga arrebentada do menino de Nhô Bastião, feita com papel fluorescente. Os rasgos eram como olhos, cuja luz da Lua refletida dava impressão de fogo. - Gente impressionada mais besta! – Mangou Gerson do casal medroso.
Tema proposto: A árvore do terror