A MENTE DA GAROTINHA (BVIW)
A MENTE DA GAROTINHA
A mulher entrou de mãos dadas com uma menina muito graciosa, de beleza singular. Delicada, cor dos olhos indefinida, entre o castanho esverdeado e o mel. Aparentava seis ou sete anos. Ambas me cumprimentaram com sorrisos cordiais
.- Diga tudo o que está sentindo, meu anjo, estarei na sala de espera. Em seguida deu um beijo em sua testa, e se retirou.
Pedi que Josi, era o seu nome, se acomodasse no divã enquanto eu procurava meu bloco de anotações. De costas para ela, pude ouvir, com certo assombro, apesar da voz meiga:
"- Notei que a mãe da Isa havia jogado o frasco vazio na lixeira, eu bem rápida, peguei e o coloquei no bolso do casaco. Ao chegar em casa, me certifiquei não haver ninguém perto, abri a geladeira, e enchi pela metade o frasco do colírio com Super Bonder. e lhe escondi-o no fundo da mochila. No dia seguinte, depois da aula, como era rotina, fui para casa da minha mellhor amiga, e logo fiz a troca dos frascos. No bolso deixei o do líquido verdadeiro. Quando Dona Iracy colocou a medicação nos olhos da Isa, ela gritou horrivelemente de dor e espatnto. Aproveitei o alvoroço, e destroquei novamente os frascos. Os olhos da Isa não se abriam. Quis dar uma gargalhada, mas precisava fingir sofrer. Até gostava muito da Isa, mas não suportava seus lindos olhos de jabuticaba. Eram tão brilhantes! Os meus verdes não tinham aquele poder todo..."
Ao se voltar para a paciente, o alívio, a menina estava lendo páginas de um livro! Sem demonstrar espanto, o psicólogo manteve a cara de paisagem, e perguntou: -
- Por que trouxe o livro para a consulta, criança? E por que escolheu um livro com teor macabro?
- Minha mãe não permite que eu leia certas histórias, considera muito impactante para minha idade. Ela não sabe que gosto de ler sobre todos os assuntos, sobretudo os de terror. Por essa razão inventei de dizer que ouço vozes, e pedi que me trouxesse para terapia, dessa forma eu poderei ler meus livros tranquila.
Berto se impressionou com a inteligência e lógica da menina, inclusive para se expressar, usava bem as palavras. Pensou que deveria ele mesmo se consultar com a Josi, de certo seria muito bem avaliado. Intrigante mente dessa menina, ponderou ele.