Costumo dizer que a vida é um presente que vamos desembrulhando novas surpresas a cada amanhecer. Ora boas, ora nem tanto. É para nosso crescimento e equilíbrio. Mental e espiritual.  Assim como surpresas, ideias surgem no repente sem aviso prévio. Como no dia em que tive uma incrível na volta para casa. Fiquei repetindo. Sabia, porém, se não anotasse, ela se perderia como já aconteceu com outras interessantes não salvas. O sinal estava fechado, aproveitei e perguntei ao taxista se havia um papel que pudesse me dar. Que nada! Quem hoje com celulares e afins carrega bloquinhos? Pensei em gravar a ideia, mas a bateria do meu aparelho estava bem baixa, achei prudente economizar para uma emergência.  As urgências só nos pegam desprevenidos. Sem papel, sem caneta, sem bateria, e com uma boa história na mente, negligência demais numa só manhã! De súbito, uma ideia Penélope Charmosa me ocorreu, e pedi um favor inusitado para o motorista, que me olhou meio cismado. Tive receio dele me conduzir para alguma clínica psiquiátrica mais próxima. Por fim ele riu e permitiu. Mais que depressa tirei o batom da bolsa e esbocei o tópico da minha história no vidro do carro.  Quando cheguei em casa, peguei papel e caneta, e copiei o que havia escrito. Removi o batom do vidro, e dei um agrado para o motorista que feliz ficou. E eu também!