Olhando as paisagens passarem apressadas enquanto tentava registrar algo interessante, quase não vi direito devido ao movimento do carro. Então me veio à mente o quanto preciso de mais calma para atentar, não somente a natureza que é tão rica de beleza e mistério a cada passo, mas observar as pessoas. Poder perceber o que vai bem no íntimo do ser. Deter-me demoradamente, sem a afobação do velocímetro ou uma pausa bem maior que a de um pit stop. Porque pessoas sofrem de solidão e de tantas outras dores. E há tantas delas por aí, meu Deus! Preciso de mais tempo. Hei de encompridar as horas e assim poder doar meu tempo. Sem pressa e sem medidas. Para aqueles que me pedem conselhos e orações. Ou simplesmente esperam um fiapo da minha atenção para lhes ouvir. Porque o que eu imagino ser pouco tempo, é eternidade para os solitários e sofredores. Mais vagar, Senhor! Entre um afazer e outro tentarei doar mais de mim. Por boas causas. Por amor. Por pessoas. Também por mim. Que eu possa ver tudo lentamente. E que não eu perca nenhum detalhe que a pressa tem me roubado. Não quero adormecer a sensibilidade de perceber a dor do irmão, nem a sua alegria! Quero degustar vagarosamente tudo, tudo! Desejo aproveitar as horas. Analisar como a calmaria do mar de almirante, o mundo á minha volta. Sim, mais delonga para as minhas horas! Sem pressa ou velocidade. No tempo certo para ler mais as pessoas. Decifrando-as e absorvendo a riqueza de cada criatura.