Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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TEMPEROS CAUSAM ENJOOS E UM GRANDE AMOR!



Dazinho era muito chato. Não chato de querer tê-lo distante de mim ou de desaparecer do Planeta. Chato de garoto enjoado. Acreditava que metada da culpa dessa enjoança provinha da sua mãe que tudo fazia em mimos ao filho querido. Deixando-o assim entediante chato. Nas vezes em que ia em sua casa, era um suplício na hora das refeições. Se tivesse um fiapinho que fosse de cebola, cebolinha, salsinha, pimentão, alho ou qualquer outro tempero, Dazinho fazia aquela cara de garoto enjoado chato! Dava vontade de enfiar a mão na fuça dele para ele largar de ser tão fresco.

Uma vez ele quase vomitou em cima de mim. Por pouco! Foi coisa milésimo de segundo. Deve ter lembrado do aviso-ameaça que havia lhe feito “se vomitar em cima de mim vou lhe dar uma bicuda que vai ficar com um ovo roxo nessa sua canela fina por uma semana!”

Tinha vezes que mordia minha língua para não lhe chamar de qualquer coisa “mulherzinha”. Pensava em sua mãe e achava como ficaria muito triste ouvindo seu filho sendo ofendido. Mas que em pensamento eu chamava de bichinha, eu chamava! Era coisa só de pensar, não que eu achasse que ele fosse assim mulherzinha. Em outras situações achava Dazinho até 
muito mais homem que os garotos das séries acima da nossa.

 
Apesar do seu jeito chato de não comer temperos, Dazinho era muito educado e na casa dos amigos não fazia careta ou reclamava, apenas tinha a paciência de Jô de tirar fiapo por fiapo, tempero por tempero e deixar na beirado do prato sem que os donos da casa percebessem. Um dia quando esteve em minha casa, depois da trabalheira que teve em separar o joio do trigo, quando meus pais sentaram-se conosco à mesa, eu bem misturei tudo em seu prato e fiz aquela cara de abusada para ele “e agora, hein!?”.  Dazinho ficou vermelho como o pimentão da salada fria! Polido que era, foi comendo as carnes, deixando o arroz,  a farofa, os legumes de lado e foi enrolando até a hora da sobremesa. O danado do Dazinho não comeu nem os temperos, nem a comida, largando tudo no prato!
 
Passaram-se os anos. Das aulas do Ensino Fundamental chegamos ao final do Curso Superior! Como tudo, um dia a frescura do meu amigoi haveria de acabar. Isso se deu quando conheceu Chriska, uma garota expert em culinária exótica. Dazinho apaixonou-se pelos encantos da menina. Quem o via experimentando os pratos que a bela Chriska preparava nem acreditava que aquele Dazinho chato de enjoado, comia de tudo, inclusive os odiosos temperos que tanto rejeitou desde a infância.
 
Foi com Dazinho que tirei mais uma lição desta vida. Sempre soube dos poderes benéficos e milagrosos do amor, mas foi com ele que aprendi que o amor cura até mesmo enjoança! Bendita seja sua amada Chriska! 
 

Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 24/01/2012
Alterado em 25/01/2012
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