Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
Textos

  Imagem do meu arquivo pessoal. Capturada em tarde de 19/02/2011.        
    
SINTO FALTA CÁ DELA...

 

Sinto muito a sua falta. Chorei e choro toda vez que olho para os lugares que ela mais gostava de ficar. Na verdade, não são os mesmos lugares. É maneira de dizer, pois esta casa nova ela não conhece. É  que toda casa tem os mesmos cantos que a imagino nas mesmas posições da ex-casa.

A minha dor neste momento é silente, pois fico constrangida de lamentar a perda da minha cadela quando tantos perderam vidas humanas nos últimos tempos. Alguém que não se importa com animais poderia dizer a boca miúda: “Tantos mortos e chorando por causa de um cachorro!?”.

Só quem ama animais tem a sensibilidade de compreender a dor que sinto. A falta que ela me faz. A tristeza de ficar sem a minha fox paulistinha Xéo.

Ah, Xeozinha... Você que foi personagem de um dos meus contos,* www.recantodasletras.com.br/humor/1204912, que me fazia gracinhas e manhas para ganhar mais carinho ou um agrado especial. Por que não escapou como a Nina que caiu dentro da sala junto com a avalanche de lama e pedras? E agora, Xéo? Quem me salvará dos lagartos que me faziam gritar apavorada? Era você minha heroína que vinha prontamente em meu socorro como se tivesse asas, fazendo com que o lagarto apressasse seu passo indo para longe de nós? Tanta coisa passamos juntas. Tanta cumplicidade e união.

O corpo da Xéo não foi encontrado, mas pelo pequeno porte, foi dada como morta. Mas prefiro imaginar outro fim para ela. Quero continuar imaginando-a escapando por sobre as águas agitadas. Quem sabe em cima do skate,  surfando até que tenha parado nos braços de uma boa alma que ame bichos. Prefiro sonhar que ela,  de tão sabidinha conseguiu escapar e correu tanto e tanto que ainda está correndo fugindo dos barulhos dos trovões que tanto temia.

Quando temos um animal doente, vamos preparando o coração para a perda. No caso da Xéo, foi de surpresa. Foi injusto. Cruel. Indefesa e pequenina talvez não tenha mesmo resistido. Ainda resta um abrigo de cães para procurar por ela. Um misto de alegria e tristeza. Expectativa e frustração.  Reluto em ir. Enquanto não vou, há a esperança de que esteja viva e bem. A constatação da morte é muito dolorosa. Embora inevitável.  

Vou ficando por aqui chorando a falta cá dela...

 
       Nina(boxer) e Xéo (fox paulistinha)

 * Ela pode estar mesmo debaixo dos escombros, perto dos botijões de gás, onde gostava de pegar sacolas e de se esconder em dias de trovoadas.

 

Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 19/02/2011
Alterado em 20/02/2011
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