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    Córrego Dantas - Duas Barras  (Foto do meu arquivo pessoal)

CRÔNICA PARA OS SEMEADORES DA TERRA...



Se a situação não melhorar logo voltaremos ao tempo em que cada quintal havia uma horta para consumo próprio da família.

Estive em Córrego Dantas, município de Duas Barras visitando uma família que considero extensão da minha, tamanho o carinho que lhes tenho. Nas andanças por lá pude perceber a escassez de mão-de-obra nas lavouras.

Quase ninguém mais quer trabalhar com o plantio. São raras as pessoas que plantam pelo prazer de ser lavrador. Alguns ainda preservam a profissão por falta de opções de trabalho ou por não saberem executar outras tarefas.

Uma coisa é fato, não é fácil ser lavrador. É trabalho braçal diário. Cansativo. Não pode descuidar um minuto, senão corre-se o risco ter uma colheita ruim.  Em algumas fazendas, apenas um ou dois da família permanecem trabalhando no plantio, na colheita e manutenção das terras. A maioria dos filhos parte para a cidade ou Capital para estudar ou trabalhar em outras áreas.

É por isso digo que vai chegar a hora de sermos compelidos a plantar nossas próprias lavouras. Quase nenhum filho quer continuar com a dura lida da família. A modernidade, o progresso e as diversas ofertas de empregos, atraem bem mais porque o trabalho da empresa, do comércio ou mesmo o trabalho autônomo não é tão desgastante quanto se trabalhar na roça.

O emprego formal ou informal garante direito a férias, descanso e não diuturnamente como é o trabalho na lavoura. Se formal, carteira assinada, tem suas folgas e merecidas férias. Se informal, você sendo patrão, escolhe o melhor momento para gozar férias ou tirar uns dias livres para folgar. Bem diferente  do trabalho braçal que não tem férias, feriado, dias festivos. Nada. Pelo menos um trabalhador precisará abrir mão do lazer para ficar de plantão cuidando da plantação.

Fico pensando que essa dificuldade em se ter escolas próximas às nas zonas agrícolas possa ser mesmo proposital para obrigar os filhos dos lavradores e dos colonos a continuarem com os serviços braçais de seus descendentes. Note bem nos tantos cidadãos que desistiram de estudar pela dificuldade de chegar ao colégio.  Difícil pela distância da zona rural e difícil pelas estradas ruins para se chegar a cidade onde há oportunidades de estudos do ensino médio ao universitário.

Acontece que com a modernização, com a tecnologia, com o "boom" de informações, os filhos dos lavradores já não querem trilhar pelos mesmos árduos caminhos dos pais e saem em busca de dias melhores e menos cansativos.

Penso que o Governo precisa olhar com generosa atenção para todos os abençoados plantadores do nosso imenso Brasil dando-lhes apoio, recursos e incentivos para não desistirem deste abençoado trabalho. São eles, os lavradores, que acordam antes do Sol apontar,  que trabalham sob Sol à pino, incansavelmente para o sustento da sua família, para que não lhes falte o pão de cada dia, nem o nosso.

Através das mãos calejadas é que nos chegam o trigo para o pão quentinho, a batata para o desejado lanche do Mac Donald’s, o manjericão que dá o toque especial as mais variadas e deliciosas pizzas do país, entre outros benditos frutos da nossa santa terra.

Que o pequeno produtor rural não desista de plantar, de colher e de partilhar o bem que brota da terra através do suor de seu rosto, das suas mãos generosas e calejadas. E que todos os lavradores honestos tenham apoio dos governantes para que nunca desanimem do edificante trabalho que executam.

E que Deus abençoe ricamente suas terras com fartas e extraordinárias colheitas.
 
 
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Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 24/01/2010
Alterado em 26/01/2010
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