Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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O JARDIM DOS SENTIMENTOS...
                                            


Já não planto flores como antes, atualmente semeio mais no meu interior para esquecer dos espinhos que me ferem nas estradas desta vida. Há momentos em que as mágoas são tão densas que nada dentro em mim germina. As flores não vingam, não crescem por se afogarem de tristezas no peito. Então choro para que vazem as acumuladas águas melancólicas de modo que o solo do coração fique enxuto para que flores desenvolvam e com elas me brotem bons motivos de deslumbrar momentos venturosos.

Outras vezes meu coração fica tão ermo porque me calo as dores e vou sufocando as boas sementes impedindo-as de florescerem. É difícil falar do que sinto, não sei externar meus temores. Por tudo isto me silencio nesta aridez desértica solidão.

Preciso aprender a deixar o coração em bom solo para que não me encharque tanto em desalentos nem me seque por demais minha sede de viver outra vez o amor.

Algumas vezes em que algo não dava certo, eu tinha o hábito de plantar uma semente de flor para quando ela florescesse com exuberância beleza me fizesse esquecer do real motivo que havia me levado a semeá-la ali.

Plantava minhas mágoas e colhia sorrisos de mim ao ver tão perfeita imagem. Com minhas lágrimas regava o sêmen e com alegria deslumbrava seu desabrochar. Justa troca. Sábia escolha.

É bem verdade que havia me esquecido deste meu gesto de plantar sementes doídas para depois colher alegria em flor. Mas há cerca de seis meses me vi novamente plantando um desejo que não se realizou. Irriguei com lágrimas de saudades daquilo que sonhei viver numa eterna e feliz união. O destino assim quis que outra vez eu semeasse desilusões por saber que germinam as mais lindas flores sempre que o adubo é dor da perda ou solidão.

Pude constatar essa verdade. Depois de um tempo de doída melancolia, brotou um encanto que pôs em meu rosto um ânimo renovado, desses que enchem o peito de luz por ver a esperança refletida numa flor que nos fita sorrindo devolvendo-nos a alegria.

Ao presenciar tamanha graça, senti que como a linda rosa eu também estava desabrochando, me abrindo mais uma vez para a vida, para amar e ser amada. Das mágoas que eu plantei, colhi a esperança que se personificou na rubra rosa, numa linda flor.

E você, que tal ter um jardim de sentimentos onde nascem flores dos sonhos secretos semeadas no coração?rs
 
 

A mágoa que virou flor!rs (Foto do meu Arquivo Pessoal)

Obs.: Toda a vez que escrevo sobre flor, sobretudo rosas, eu penso no grande compositor Angenor de Oliveira, o Cartola que tanto admiro. Por isso, ofereço esta crônica em sua homenagem e lembrança.
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 27/10/2009
Alterado em 28/10/2009
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