Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
Textos
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UM FINAL PARA UM NOVO AMOR...
Quando precisam sair, o casal só confia em deixar sua linda filhinha com a gentil cunhada, irmã da mãe. Sempre prestativa e com o sorriso que tranquilizava qualquer coração de pais, Amanda era uma mulher muito agradável além da bela aparência que aumentava seu carisma.
- Podem ir tranquilos que seremos invadidas por fadas, duendes, bruxas, magos. Visitaremos museus, castelos, grutas. Provaremos de todos os sentidos, do medo ao amor, mas no fim da história tudo acabará em festa! – Confortou Amanda para o jovem casal.
Sabiam que poderiam aproveitar a noite, pois a pequena Jully de quatro anos não teria melhor companhia do que a da Fada “Amandrinha”. Sim, a ternura e a simpatia faziam da Amanda uma verdadeira fada com seus encantos.
-Então, minha princesinha Jully! Qual será nossa aventura desta noite? – Fazendo cócegas na menina, Amanda já a atiçava prometendo uma noite de muitas brincadeiras e historinhas maravilhosas que Jully amava ouvir.
- Tia, você quer brincar de esconder? - Indagou a saltitante menina.
- Claro! Vou começar a contar! Já! - Amanda amava a sobrinha e aquelas horas eram mesmo mágicas.
Depois de muita diversão, do leite antes de ir para cama, Jully com seus livros nas mãos entrega-os para a tia dizendo:
- Vamos começar pela Rapunzel dos cabelos cor de mel! – Disse a empolgada menininha.
Após ouvir a quarta história, entre goles de água e risadas, Jully pede uma história pouco conhecida. Amanda fica intrigada pela sobrinha ainda pequena gostar de um história de final tão forte. Apesar de ser um conto infantil, era uma história verdadeira, sem máscaras ou enfeites como os contos que habitualmente lia para a menina. Mas como Jully insistia naquele livro, atendeu ao apelo da pequenina.
Acontece que quando faltava apenas uma página para o fim do conto, a menina grita:
- Tia! Para e começa tudo de novo, por favor... – Havia uma preocupação suave na expressão da menina. Amanda sorrindo acatou mais esse pedido de Jully, pois imaginou que a menina não tivesse compreendido bem a história.
Na segunda vez em que Jully interrompeu Amanda na mesma página, a tia questionou:
- Por que, meu bem? Você não quer saber o final da história?
- Não, tia... Eu já sei o final. A mamãe já leu para mim quando pedi. – Respondeu a menina com certa melancolia.
-Ah... Já conhece esta história... Então por que não deixa eu ir até o fim? – Curiosa, quis saber a tia.
- Porque a moça fica sozinha sem seu namorado e eu fico triste e choro... – Confessou a pequena Jully.
-Ô, minha linda... A vida é assim, nem sempre o final sai do jeito que queremos, mas precisamos virar a página e fechar o livro. Toda história precisa de um fim. Seja bom ou não, é necessário que se coloque um ponto final. A vida precisa seguir para que possamos começar uma nova história... - Explicou Amanda.
Mas Jully nem ouviu a explicação, pois adormeceu com os afagos feitos pela tia em seus cabelos. Amanda deu um beijo na menina e saindo da história do livro voltou-se para sua realidade e viu o quanto de semelhança havia no fim daquele conto com a sua vida atual. Quantas vezes não agiu inconscientemente como a pequena Jully, quis pular algumas páginas da sua vida e em outros momentos, tentou voltar algumas para mudar o final.
Amanda estava vivendo um momento assim. Fugia da verdade do fim, era doído aceitar que seu verdadeiro amor tinha terminado como o conto que acabara de ler. Duas vidas que haviam se tornado uma de tanto amor e de repente ela se via ali metade, sozinha. Tinha convicção de que não teria outra saída senão encerrar aquele romance. Pôr um ponto final, um desfecho ainda que sofresse. Não poderia imitar o gesto da sobrinha de evitar o fato com medo de viver a dor do triste fim, da separação para sempre.
Acariciando os cabelos da sobrinha, segredou-lhe:
- Está certa, meu amorzinho em querer evitar o final por não querer sofrer. Também não gosto desta dor que vai em mim. Você me passou uma grande lição sem saber. Hoje aprendi que devo pôr um ponto final e me dar a chance de uma nova história. Mesmo que eu sofra um pouco, estarei aberta para um novo amor.
A pequena Jully mal sabia que com sua inocência havia começado naquela noite uma nova história com promessas de um grande e belo amor...
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 13/10/2009
Alterado em 22/10/2009