Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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O FINAL DO ÚLTIMO ENCONTRO...


(Continuação do conto -  O ÚLTIMO ENCONTRO)


Alguns dias depois Anne recebeu uma ligação dele dizendo que aceitava sim aquele último encontro, onde ambos deveriam devolver os sentimentos, cheiros, gostos e a lembrança do que ficou do outro em si. Seria um encontro formal, rápido, poucas ou nenhuma palavra. Um abraço, talvez, para devolver o calor dos corpos tocados com carinhos nos dias onde o amor fizera dos dois, uma só carne.

Ambos acreditavam que seria fácil, coisa assim como quem devolve uma roupa que provou. Compra-se, porém, depois de uma análise mais detalhada no espelho, vê que não lhe caiu bem. Acontece que estamos falando de amor e nada pode ser comparado a esse nobre sentimento. As roupas podemos descartar, fazer a troca com naturalidade. Amor não! Amor quando forte como o que viveram não se desfaz com a facilidade imaginada por eles.

Escolheram o mesmo local do primeiro encontro na tentativa de apagar desde o início toda a boa lembrança para que não restassem resquícios do grande amor entre os dois.

Sempre pontual, Anne aguardava por ele no charmoso Blue Coffe Cyber Café. Ensaiou várias falas formais para não se perder no momento do adeus. Estava segura apesar do coração estar acelerado e sentindo no corpo um leve tremor. Como estava frio, usou o clima como desculpas para aquelas sensações. De longe o avistou. O mesmo jeito de sempre de caminhar, a maneira de se vestir e à medida que  se aproximava, Anne ia sentindo aquele conhecido aroma sedutor e presença em belos momentos.

A visão dele dosada com o seu perfume  fez com que Anne ficasse receosa e vulnerável com as lembranças. As boas e adoráveis recordações.

Ao vê-la, ele reconheceu que não seria fácil o adeus, pois sentiu o quanto de amor trazia em seus olhos, em sua boca, em suas mãos, no corpo e na mente por ela. Aliás, os cinco sentidos dele, eram dela e desejavam-na. Ele constatou que nunca antes sentira tanto amor assim por nenhuma outra mulher.

Diante da Anne não foi possível dizer nada. Ficou imóvel como se o tempo tivesse parado para ficar contemplando sua amada. No fundo da sua alma tinha plena convicção de que ela era sua mulher e seu grande amor. Sabia que ali não seria o último encontro, mas o reencontro do amor do qual nunca deveria ter se distanciado. 

Estendendo-lhe as duas mãos, sem nada dizer, a não ser pelo olhar que pedia para que Anne pousasse as suas sobre as deles. E, ela que aprendera a ler nos olhos, nas expressões do rosto, nos tiques que ele fazia, compreendera o pedido e num gesto delicado sem qualquer pensamento em relutar, pôs suas mãos sobre as deles e sentiu dois corações pulsando na mesma intensidade. Sem perceberem, as mãos desprenderam-se para envolverem-se em abraços quentes, apaixonados e cheios de saudades.

As falas decoradas, frias e breves deram lugar ao silêncio que durou bem mais de um minuto com aquele beijo atrasado, esperado que dizia tudo, sem palavra sequer.

O último encontro não houve nem haverá. Anne e ele combinaram que daquele momento a cada dia, a cada novo encontro seria como se fosse o início. Pois, amor quando é bastante é preciso vivê-lo a cada nova manhã como se fosse o último encontro e aproveitá-lo bem com a emoção do primeiro...


Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 14/08/2009
Alterado em 14/08/2009
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