Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
Textos
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POR UM AMOR SAÍDO DAS PÁGINAS DO ROMANCE...


Lorena não compreendia por sentir aquela saudade sem explicação, incorente. Como sentir falta de alguém que nunca vira. Alguém que não existe, bem, ao menos no real. Lorena havia se encantado pelo seu personagem. Criara tão cheio de adjetivos o Eliseu, personagem fictícia de um dos seus contos de amor que o desejou possuir.

Entre ridícula e sonhadora, Lorena culpava-se por alimentar aquela atração por uma ideia. Sim, Eliseu era uma ideia saída da sua imaginação fértil. Talvez a falta de romance atualmente, na sua inocência transferira para sua criação o amor que desejava para si.

Pela rua ia juntando pedaços do Eliseu nos homens que via:

“- Hum, aqueles olhos bem que serviriam para o Eliseu! Belos olhos caramelos de olhar penetrante. Olhos de raio X que desvendam os mais recônditos segredos da alma feminina... “ – Analisava enquanto caminhava pelo parque.

No fundo Lorena  divertia-se com todo aquele devaneio. Enquanto sonhava em ter seu Eliseu concreto de carne, osso, olhos caramelos e tudo mais, alimentava a esperança de um dia, quem sabe, personificar aquela ideia em amor, em homem de verdade.

Aquela saudade sentida a deixava triste. Enquanto escrevia o romance, tinha a companhia de Eliseu, com o  inevitável fim do conto, era obrigada a deixar para trás a vida fantasiosa, a agradável convivência. Lorena via-se obrigada a voltar para sua vida sem graça, para a sua cruel realidade solitária.

Quantas lágrimas sua personagem lhe secou. Tantos beijos recebidos de Eliseu e muitos olhares caramelados de amor a fitara...

“-Ah, quem me dera ter sua presença aqui... Quão maravilhoso tê-lo me seria!” – Suspirava a sonhadora mulher.

Admirava os casais que via passar nas praças, nas ruas, nos shoppings. Alguns beijos não agradavam Lorena:

“- Beijo sem desejo... Desperdício de boca! Beijar tem que ter vontade, beijar por beijar, chupa manga!” – E ria das sandices que pensava.

Lorena tinha um pensamento ímpar. Cria que para beijar era preciso ter paixão e quando presenciava um beijo realmente apaixonado tinha vontade de aclamar o casal. Uma vez estava com as mãos postas para aplaudir, a timidez a salvara do gesto que seria visto, no mínimo, como de uma expectadora louca ou qualquer coisa parecida. Quem hoje se importa com amor? Quantos sabem perceber no beijo um amor de verdade? Não muitos, creio.

Apesar do ato inusitado e incomum da Lorena, admiro sua busca por um amor que seja assim parecer sair de um romance. Melhor esperar por um amor que valha a pena a ter um com beijos insípidos.

Lorena é sem dúvida excêntrica, porém, resoluta na busca e na espera de um grande amor que lhe sacie o desejo do beijo bem dado, de um amor que mereça uma longa e incomparável espera.

E nessa busca, na ânsia de realizar seu devaneio de se saciar dessa saudade daquele que nunca vira e existe, a não ser em sua mente, Lorena espera por um homem que a faça sentir toda a emoção de um grande amor como os que ela criou nas páginas de um conto.

Lorena aguarda ansiosamente por seu amado a cada virar de página dos livros que escreve...




 
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 21/07/2009
Alterado em 17/05/2014
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