Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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BASTAVA TROCAR-LHE AS ALÇAS...
 

Tenho outras bolsas, acontece que na hora de sair é sempre a mesma que separo para levar comigo. Ela foi escolhida, desejada e adquirida com esmero. Não me importo com o que pensam ou digam os outros em achar que só tenho uma. É dela que gosto e me sinto bem. Isto me basta.

Embora ache que esteja mesmo um pouco gasta, ainda assim continuo lhe sendo fiel. Sua aparência, reconheço, já não é tão atrativa quanto o dia que fiz sua aquisição. Penso, porém, nada que um pouco de álcool e boa vontade não lhe devolvam o brilho dos primeiros dias.

Uma grande amiga tinha uma bolsa linda. Linda mesmo! E vivia exibindo-se da marca, da beleza e do preço pago. Depois de um bom tempo de uso, como a minha bolsa, a dela também ficou batida por tantas voltas dadas e puíram as alças.

Minha amiga nem hesitou, apesar de ter manifestado grande apreço pela bolsa, jogou-a no lixo. Aquela bolsa que havia sido companheira fiel de muitos momentos, alegres ou tristes, foi reduzida a nada. Nem as boas lembranças foram capazes de impedir aquele ato de abandoná-la às imundícies.

Passado um tempo conversávamos, minha amiga contou-me da falta que sentia da antiga bolsa. Segundo ela, apesar de ter adquirido outras, nenhuma delas era tão boa e bonita quanto aquela que depositara no lixo...

Fiquei até surpresa quando me revelou ter jogado fora, pois a bolsa era de boa qualidade, não havia necessidade de ter desfeito dela. Então, eu falei:

- Só damos o verdadeiro valor às coisas quando as perdemos. E, não precisava ter jogado fora, bastava trocar-lhe as alças...

Diante das minhas palavras, minha amiga percebeu que uma simples atitude poderia ter evitado tamanha perda.

Assim também vejo certos relacionamentos sendo rompidos. Por causa de pequenos detalhes que poderiam ser resolvidos com diálogo, perdão, tolerância, paciência e amor. E se perdem e se separam, muitas vezes por orgulho. Deixam escapar pela sarjeta aquilo que era único, caro e raro para si.

Atualmente vimos pessoas desfazendo-se de uma relação com tanta facilidade que nem cremos que havia amor ali, pois encontrando algum defeito na pessoa amada, muitos preferem trocá-la por outra a perdoar, a aceitar as falhas ou esquecer os possíveis erros.

Muitas vezes, por orgulho, jogamos pessoas no lixo por pequenos detalhes que poderiam vir a ser reparados. Infelizmente a praticidade da troca e do conforto momentâneo proporcionado pelo novo ou pelo diferente é mais atrativo e eficaz que tentar consertar o estrago. Ledo engano, creio que muitas vezes é tão mais fácil restaurar que tentar uma nova investida, uma nova relação.

Você pode até trocar de amor, mas se foi por um pequeno detalhe como orgulho ferido que impede de conceder o perdão, não vai adiantar substituí-lo por outra pessoa. Por mais que troque, vai sempre ficar sentindo falta do seu amor como a minha amiga sentiu da sua antiga e fiel bolsa. E uma vez jogado fora um amor, se não tentar resgatá-lo logo do lixo do abandono do seu coração, uma outra pessoa poderá aproveitá-lo bem melhor que você soube utilizar...

Em relacionamentos devemos agir com cautela para que não venhamos tomar atitudes precipitadas. Antes devemos agir assim de modo tão simples capaz de evitar perdas e danos. Não precisa trocar de pessoa amada, basta apenas trocar-lhe as alças...


Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 06/06/2009
Alterado em 20/12/2016
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