Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
Textos
As imagens desta página foram retiradas da busca Google, caso seja sua criação e não autorize postá-la, favor entrar em contato comigo que retirarei imediatamente. Obrigada!


FIFI, MINHA PAIXÃO!

      
Antes de ter um namorado, eu tive um passarinho. Era um sanhaço lindo e azul. Daquele azul que se confunde com o infinito do céu e a imensidão do mar.

Seu nome era Fifi. Acho que não tive muita criatividade na escolha, pondo naquela ave o som que ele mesmo produzia quando alguém aproximava da gaiola onde vivia.
Era mais ou menos assim: “Fi-fi-fi-fi-fi...”  Daí o nome.  Algumas pessoas não entendiam, mas eu amava o Fifi.

Toda os dias, quando retornava para casa, a primeira coisa que fazia quando voltava  do colégio ou de qualquer outro lugar, ficava instigando o passarinho nervoso. É, Fifi era genioso, quando eu estalava os dedo, ficava bravo e por várias vezes, fui bicada por ele. Doía, mas eu não desistia. Tipo assim dois irmãos que se odeiam e se amam. Brigam, mas não se desgrudam. Sabia que aquela avezinha gostava de mim, pois me reconhecia e pela maneira diferenciada como brincava comigo. Com as outras pessoas da casa, Fifi era indiferente.


                                                            ***

Passou algum tempo, meu coração ficou enamorado por um rapaz. E passava horas ao telefone ou namorando. E aquele hábito diário de brincar com Fifi, foi sendo deixado de lado. Já não tinha tempo de brincar, na verdade, esqueci-me dele para minha tristeza...

Numa manhã, quando me lembrei do Fifi, levantei da cama num sobressalto, talvez por sentir culpa pelo abandono, corri até a varanda dos fundos para pedir desculpas ao meu querido passarinho. Chego lá, cadê a gaiola? Vou direto para a cozinha perguntar para mamãe. A resposta que ouço dilacera-me por dentro:

- Ele morreu, filha. Você parou de brincar, de dar atenção e aos poucos ele foi ficando triste, calado. Morreu de paixão...

- Puxa vida, mãe! Como pude fazer isso... Abandoná-lo. – disse aos prantos.

- É por isso, minha filha, que cuidar de bicho exige entrega e responsabilidade. Bicho se apega a gente e não supera a separação.

- Pobrezinho... Eu o amava... Sei o que fiz não é coisa de quem ama, mas eu o amava mesmo!

- Quando foi que ele morreu, mamãe?

- Há duas semanas.

-E por que você não me falou?

- Você ia chorar... Não queria que sofresse...

- Essa dor e essa culpa levarei na minha vida para sempre, mamãe.

- Você não fez por mal. Você se apaixonou pelo Túlio e a paixão nos desorienta mesmo... Não se culpe!


                                                       ***

Hoje passado tanto tempo, me vejo tal qual o meu pássaro, o sanhaço Fifi. Estou aqui presa.  Estou presa numa gaiola chamada coração.

A paixão nos prende e nos tira do rumo, nos domina, mas apesar disto, ninguém quer viver sem esse sentimento forte. Por paixão a gente luta, corre atrás, briga, torce, chora, ri, dá gargalhada, arregaça a manga, faz palhaçada, perde a linha, até morre...

Paixão não se resume ao relacionamento a dois. Paixão é por filho, por família, por amigo, por trabalho, por esporte, hobby, flores... Seja o que for, seja pelo que tiver de ser!

Por isso, faça tudo movido à paixão.  Só não deixe que a paixão sufoque você. Paixão é um bem-querer. Paixão que escraviza e mata, não é paixão, é obsessão.

Tem coisas inevitáveis na vida. A paixão é uma delas. Então, viva-a enquanto arder-lhe o coração!



Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 28/05/2009
Comentários
Site do Escritor criado por Recanto das Letras