Em noites de verão, pareço ver no céu riscado, uma dança frenética de luzes dos raios, ao som dos trovões. As ideias afloram quando fico assim, embasbacada com a beleza e a força que a natureza tem e exerce sobre mim. Como num show pirotécnico, aquela exibição bela e assustadora, leva-me a lugares jamais vistos ou imaginados. Psicodélico.
Há também, a dança das folhas caindo no outono. Leves, libertas. E se vão felizes as folhas amarelecidas, na carona que o vento oferece. Vividas e experientes que agora partem para deixar que outras folhas novinhas, percorram os mesmos caminhos trilhados por elas. Tem dias que me vejo assim, como uma folha caindo. Sem tristeza ou sofrimento, convicta de que cumpri, com louvor, minha missão. Certa de que estou pronta para um novo começo. Na vida, às vezes, é assim... Mudamos as folhas, viramos páginas, reescrevemos ou reinventamos histórias. Reconstrução.
Pingos de chuva no vidro da janela ou do carro, na poça d'água, na pétala da flor, fazendo uma dança ao vento, transformando o céu cinzento do inverno, num espetáculo multicor. Quando pinguinhos de chuva caem em meu rosto, sinto um arrepio correr pelo corpo. Um leve e doce temor surge, assim como um beijo roubado. Nessa hora, pela surpresa e graça, celebro a vida. Exaltação.
Borboletas no seu balé sincronizado salpicam o céu azul de setembro. É primavera! As borboletinhas, nessa sequência de movimento, cuidadosamente harmonizada, seduzem-me. Uma dança única, colorida. Muitas vezes sem nenhuma plateia, um desperdício. Contemplação.
Sinto-me privilegiada por estar, em cada estação, aproveitando e percebendo pequenos ou grandes gestos, que refletem em mim, um leque de possibilidades e um infinito de inspiração. Criação.
Livre, disperso, neste momento dança ao vento, o meu pensamento.