Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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                             Imagem retirada da busca Google

A MINHA CIDADE PERFEITA...




Não haveria PARALELEPÍPEDOS! Sei e entendo que são ecologicamente corretos, pois permitem que as águas das chuvas escorram de volta para o leito dos rios, impedindo assim, as enchentes ocasionadas pelo asfalto moderno. Mas, eles são os maiores causadores de tombo, torções de tornozelos por serem irregulares.
Desencadeam uma série de acidentes, alguns bem graves.

Já cansei de ser vítima desses concretos. Hoje torci o pé ao atravessar a pista. Ano passado fiquei um mês com bota de gesso por conta deles. Abandonei o salto alto, pois cansei de enfiar o pé nas brechas do paralelepípedo.

Um dia, uma mulher quebrou o pé e quase foi atropelada. Ela prendeu o salto, como eu, entre os blocos, desequilibrou, caiu e o sinal abriu. Foi um sufoco! Uma idosa tropeçou e abriu o joelho, sorte que eu estava ao lado e a tirei da pista...

Não é de hoje que o paralelepípedo me incomoda. Quando comecei a estudar, no início das minhas garatujas, era obrigada a falar – pa-ra-le-le-pí-pe-do. Não entendia por que em tão tenra idade, talvez “trote” infantil. A professora obrigava-nos a decorar. Minha língua dava nó tipo um trava-língua, então criei uma aversão por ele que nem sabia ao certo o que era.

Meu pai, bom homem, tentava me ajudar e até que ele conseguiu, de uma forma divertida para que eu aprendesse a falar essa palavra aos cinco anos de idade. Ele falava assim feito uma frase:

“-Para Lelê! Pípedo...”

E assim achando graça, consegui falar num fôlego só.

Mas, eis que o tempo, soberano e irônico, fez com que eu viesse morar numa cidade histórica cuja avenida de fora a fora, é toda “paralelepizada”. Eu mereço!

Os portugueses que me perdoem por não gostar desse tipo calçado... Ai, "Jisus", ora pois que não gosto!

Então, se me dado o direito fosse, na minha cidade não haveria paralelepípedo, a menos que fosse nivelado e com brechas menores onde meu salto pudesse passar por eles tranquilamente...

Ai, como dói, meu tornozelo! Acho que vou falar um palavrão! Perdoem-me:






- PARALELEPÍPEDO!rs





Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 20/03/2009
Alterado em 20/03/2009
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