Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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A FESTA DA GIL GIRAFA - Parte Final

...Continuação...

 

De repente, o Gato Mialdo deu um berro que parou toda a Orquestra de Passarinhos e a sinfonia dos Grilos.

 

-Miauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu, meu rabo, sua Anta Pinha!

 

- Com mil perdões! Perdoe-me, seu Gato Mialdo... – Desculpou-se a Anta Pinha, desconcertada. E continuou:

 

-É que o Urso Bob Mel bebeu um pouco além da conta... Beber exageradamente suco de abacaxi com erva cidreira, abaixa a pressão! Agora ele está cambaleante. Quase cai em cima de mim!

 

-Tudo bem, Anta Pinha... – “Choramiou” o Gato Mialdo.

 

- Vou pedir para a dona do Buffet arrumar um pouco de saião, é ótimo passar em local magoado. – Apiedou-se Anta Pinha.

 

Mas, a verdade é que Guaxinim Faixa Preta, morador do antro na floresta, fez sem que nenhum convidado percebesse, um coquetel com abacaxi, amoras silvestres e... Papoulas!!!

 

Sorte que o Rei Leão Zão, conhecedor das artimanhas da família do Guaxinim, percebeu algo estranho em seu comportamento... O Guaxinim abordava os convidados, levava para um canto e oferecia a bebida como se fosse ponche. Na verdade, era um coquetel “sossega leão”. Então, o Leão Zão, rugiu:

 

-Meus amigos, tomem cuidado com Guaxinim Faixa Preta! O que ele está servindo é um coquetel com flor de Papoula e é entorpecente!

 

- Ah, danado! - Cacerejou o Galinha d’Angola Bia toda doidona dançando “macarena”.

 

A bicharada se divertida com aquela cena engraçada. Voava da intoxicada Galinha, penas para todo lado.

 

- Nossa, mãe... A Galinha Bia bebeu dois cascos de coco cheinhos da bebida do Guaxinim! – Disse Zezinho Garnisé.

 

-Esse Guaxinim é malandro! Ele dopa os convidados, rouba-lhes os presentes para depois trocar por mercadorias na toca do seu Raposa Bel.

 

-Deixa comigo que vou dar é um sacode nesse pilantra! -Falou o Macaco Kaco, incentivado pela macacada enfurecida.

 

- Nada de violência! – Rosnou o Lobo-Guará Toby. – Vamos convidá-lo para se retirar deste recinto. Não vamos estragar a festa da Gil.

Todos concordaram. Não havia por que acabar com aquela festa tão animada se podiam resolver com diplomacia.

 

Rei Leão, junto com o Lobo-Guará Toby foi ter com o Guaxinim Faixa Preta. Quando o Guaxinim percebeu que o Leão Zão e o Lobo iam em sua direção, pegou aquela enorme melancia que continha seu “ponche” e bebeu todo o líquido para que o Leão não o flagrasse...

 

Quando o Leão Zão começou a falar, o Guaxinim sentiu as pernas formigando, a língua dormente, os olhos embaçados. Esfregou os olhos, umas dez vezes, deu tapas na cara para tentar ficar esperto, pois sentia que aquela bebida estava fazendo efeito rapidamente. Lógico! Uma melancia enorme cheia de suco de papoulas, o resultado era o esperado, só que ele não contava que provaria do seu próprio veneno.

 

A bicharada ficou de longe só de butuca para ver a reação do Guaxinim. De certo que ele iria negar, jurar de pé junto, até chorar como fazia nas vezes em que era surpreendido por alguma Coruja Guarda Florestal.

 

- E aí, Guaxinim... Por que está acuado, entocado, solitário aqui nesse canto escuro numa festa tão iluminada, animada e cheia de amigos? – Rosnou cinicamente o Lobo-Guará.

 

A essa altura, o malandro Guaxinim não sabia mais diferenciar urubu de meu louro; formiga de elefante; gato de lebre... Estava completamente alucinado com as doses exageradas que se vira obrigado ingerir. Olhou para o Leão Zão e o Lobo-Guará e de dois animais, viu apenas um. Abriu os braços e foi dizendo:

 

- Gaaarça, eu sempi quis falaar... Voceeeê é uma “garciiiinha engarçadinha!” – O Guaxinim estava fora de si, fora dali com a cabeça na Lua, sua cabeça estava mesmo em órbita. Chamar o Lobo-Guará de Garça “engarçadinha”!? E continuou naquele delírio...

 

- Veeem para o papi aquiii, eu ti aaaaaaamuuuuuuuuuu.– Foi o que conseguiu falar, ou melhor, o que tentou falar. Caiu molinho, molinho no chão. Foi carregado para o quarto de hóspedes pelo correto Leão Zão.

 

Quem ficou ouvindo pilhérias durante a festa foi o Lobo Guará. Por onde passava as formiguinhas, os coelhinhos e vários outros filhotinhos, diziam em coro:

 

- Você é uma “Garciiinha engarçadiiinha”.

 

Como se tratava de cria, o Lobo não se importou. Achou até bem divertido as palhaçadas do “malandro” Guaxinim. No dia seguinte, haveria história para contar e gozação a fazer com o espertalhão Guaxinim que tentou se dar bem na carona da festa da amiga Gil.

 

Por falar nela, ela chegou deslumbrante com um vestido lindo, presente dos Bichos-da-seda.

 

-Veio da China. Comentou comadre Maritaca Dhuka. Faladeira, sabia de tudo que se passava de norte a sul na floresta.

 

- Como você sabe disso, Dhuka?- Quis saber a Esquila Tina.

 

- O Urso Panda Karu trouxe numa caixa que estava escrito: “Made in China”.

 

-Ah... Que luxo, hein! – Admirou-se a Esquilinha.

 

- É... A seda da China é de qualidade, pois os outros produtos de lá não cheiram nada bem! – Retrucou a Gambá Léia.

 

- Ora bolas, quem fala de cheiro! – Zombou a orgulhosa Gata Mara. Sempre asseada, vivia se lambendo de vaidades.

 

- Não enche, sua cospe pêlos! – Retrucou Gambá Léia.

 

- Hummmmmmm... Você duas querem parar de se arranhar! Vamos é curtir a festa. Quero ver de perto a roupa da Gil. Um arraaaso! – Conciliou a Maritaca Dhuka.

 

A festa estava mesmo um espetáculo! Flores das mais variadas espécies enfeitavam e perfumavam a clareira. A Lua parecia ter sido convidada, pois estava cheia, linda, iluminando a noite. Os sucos eram servidos em Copos de leite e o ponche nas cuias feitas com as cascas de coco. Para os insetos, por serem pequeninos, as bebidas eram servidas em taças de Flores do Campo e em cuias feitas de cascas de avelãs.

 

Quando a Gil Girafa chegou ao meio da clareira, todos aplaudiram, deixando-a feliz e um tanto encabulada. Pois, girafas são bem discretas e cismadas...

 

Os amigos foram entregando-lhe os presentes. A dona Aranha Viúva Negra Lee, trouxe um finíssimo e bem trabalhado xale, que envolveu perfeitamente o vasto pescoço da Gil. Ela ficou radiante!

 

Coitada da dona Toupeira Nina... Não enxerga um palmo perto do nariz! Na hora de comprar o presente, fez a maior confusão, foi na Boutique do Veado Dinho, um estilista muito conceituado e lá fez uma tremenda confusão. Na hora de pegar uma saia na sessão GGG (Grande, Gorda, Glutona) pegou na PPP (Pequena, Pirralha, Pitoquinha). Tamanho variados para coelhinhas, passarinhas, joaninhas... Na hora de entregar o presente tinha que dá errado mesmo!

 

- Não repare, comprei sob medida para você, minha querida Gil! – Com emoção, dona Toupeira Nina entregou seu presente sem perceber que havia se enganado...

 

Gil Girafa imaginou ser um lencinho ou um enfeite para a cabeça. Mas, quando abriu e viu uma minúscula saia que serviria na Lebre Vera, ficou toda sem jeito, não sabia onde enfiar a cara, pensou em fazer como o seu amigo Avestruz Cruz, enfiar no primeiro buraco que encontrasse!

 

A Maritaca Dhuka, foi falando:

 

- Experimenta, amiga Gil, vai ficar uma beleza! – A intenção da Maritaca era boa, entretanto, conseguiu foi piorar a situação.

 

Gil tentou enfiar nas patas, não passou do meio da coxa. Tentou enfiar pelas antenas, só coube numa, não deu abertura para passar pelas duas antenas... Para não deixar a dona Toupeira Nina triste, Gil disse:

 

- Adorei seu presente, amiga Toupeira Nina. Agora vou ver os outros presentes...

 

E vieram muitos e muitos presentes: Perfumes de jasmim, presente da Beija-Flor Sol; docinhos de banana, feitos pela Macaca Mika; docinhos de amendoim, cortesia da fêmea do senhor Besouro Pelembus; uma cesta de café da manhã com as mais saborosas frutas, ofertada pela família da Saúva Saura; um porta-treco belíssimo confeccionada pelo João-de-Barro Filho; um pote generoso da fina geléia real de abelhas, da Abelha Rainha Cinha; uma pérola, presente vindo do Reino dos Mares, o Jacaré Pagá buscou para sua grande amiga. Gil ganhou esses e mais tantos outros presentes encantadores. Ah é... claro! “Trocentos” colares...

 

Antes de cantar parabéns, num traje de gala, subiu ao palco a ilustre cantora Cigarra Lyra, com sua bela voz, iria reproduzir a quarta sinfonia de um dos maiores músicos, o Abelhudo BEEthoven, pois esta sinfonia é descrita como a “Sinfonia da Felicidade”, os seus quatro movimentos são identificados como as qualidade de Serenidade, Felicidade, Beleza e Paz. Para acompanhar a Cigarra Lyra, ela convidou renomado violinista, o Mosquito Zumbidum.

 

Casais dançaram ao som da bela sinfonia, outros choraram, muitos namoraram... Uma beleza, uma graça! A felicidade ali fez-se presente, fez ali sua morada.

 

Milhares de pirilampos formaram no céu, em homenagem a aniversariante:

 

QUE O CRIADOR DE TODAS AS COISAS NOS PERMITA TÊ-LA POR MUITOS E MUITOS ANOS PARA QUE POSSAMOS PARTICIPAR DA SUA FELICIDADE E BONDADE QUE IRRADIA-NOS COMO LUZ...

 

FELIZ ANIVERSÁRIO, AMIGA GIL GIRAFA! DOS AMIGOS DAs FLORESTAS, DOS AMIGOS DOMÉSTICOS, DOS ANIMAIS DO MUNDO INTEIRO.

 

 

Essa comoção perdurou por mágicos momentos. Mas, foi interrompida por uma cantoria desafina:

 

- Que tchudo se reeealize, no anuuuuu que vaaaai nasceeeer!! Feliiiiz Aaaanu Noooovo, meuu poooovo!

 

Era o Gambá Eca... Bêbado feito ele! A dona Gamba Léia, chateada berrou:

 

- Avisei pra esse miserável pinguço duma figa que aquilo era armadilha dus humanos para pegar nós gambá, esse peste não acredita em mim!

 

Aí sim, a festa foi uma festa de risada, alegria e de promessa de feliz ano novo para a Gil Girafa!

 

 

 

FIM.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 14/02/2009
Alterado em 25/11/2021
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