PARECIA ALGO SEM IMPORTÂNCIA... NÃO ACHO MAIS.
Convivi com eles por longas datas, entretanto, não conheço-lhes os detalhes...
Fiquei desapontada quando uma amiga semana passada quis saber a cor preferida da minha mãe para dar-lhe uma toalha de banho bordada. Dessas que moças prendadas sabem fazer bem. Não havia espelho na minha frente naquele momento... Mas, dava para ver a minha cara de “Caramba... Não sei!”.
Fiquei sem jeito de falar que não sabia. Afinal a Ci me conhece desde o segundo grau. Sabe como eu era nos meus tempos de namoro. Eu sabia tudo sobre os meus namorados. Diga-se de passagem, não foram muitos. Sabia a cor e músicas preferidas, a refeição que mais apreciava, a sobremesa, o perfume se era cítrico ou amadeirado, tipo de camisa, o sapato, até de detalhes mínimos, eu sabia... Até como ele preferia cortar as unhas, se quadrada ou arredondada... Sim, fui uma tonta, admito! Depois disso tudo, você crê que iria dizer que não sabia a cor preferida da mainha? É “ruim”, hein! Usando de artimanha, falei:
- Ihhh, Ci... Tem que ver... É que para flor, mamãe tem um gosto; para tecido, outra; para parede...
-É, Dja, você tem razão! Então, liga para ela depois e me diz.
Ufa! Mais uma vez agradeci por gostar de ler. A mente pensa mais rápido e não fico sem resposta convincente. A minha amiga ainda me deu razão, ora vejam!
Mais tarde liguei para minha mãe. Conversa vai, conversa vem, falei-lhe que havia recebido rosas amarelas e no meio dessa conversa de cor, perguntei para mamãe se a cor que ela gostava para tecido era a mesma cor de flor. Foi aí que descobri a cor preferida dela, é azul.
Por que será que sei mais dos meus filhos que tem menos tempo de convivência do que dos meus pais e irmãos? Dos filhos sei os detalhes, as entrelinhas, as minúcias... Fiquei e fico pensando:
“Será que não valorizei meus pais, meus irmãos como deveria? Será que amei menos que mereciam? Por que para eles essas informações achei “insignificantes” saber e já sobre meus filhos esses detalhes me são caros, é importante conhecer? Será que essa pergunta vai ser como aquela que meu filho me fez... Será que vou ter que deixar também sem resposta?
Por que me sinto culpada por isso? Isso não diminui meu amor por eles, porém, vejo uma lacuna. Lacuna de detalhes que a vida pensou não fazer diferença ou falta. Mas fez, está fazendo. Se eu quiser fazer uma descrição bibliográfica, fará falta. Se eu quiser descrever detalhes deles, não sei fazê-lo. Como pude perder tempo conhecendo aquele que nem está a meu lado hoje e ainda por cima lembrar-me dos pequeninos detalhes? Isso me faz pior... É chato saber que sei mais de um estranho do que dos meus laços de sangue...
Se não fosse pela toalha bordada eu nunca saberia que a cor preferida dela é azul. Azul do céu e do mar. Nunca mais vou esquecer!
Meu Deus!!! E a cor do meu pai!? Preciso resgatar essas preciosidades, vou telefonar.
Você conhece essas coisinhas “insignificantes” de quem cuidou de você ou de quem você está cuidando? Pode parecer bobagens... Não é!
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 03/02/2009
Alterado em 03/02/2009