VIVER É UMA TROCA DE AMOR...
Devia ter uns dez anos de idade, creio eu, quando jogava um bingo instrutivo sobre sinais de trânsito com minhas irmãs. Adorava aqueles momentos! Além de jogar, a gente aprendia e se divertia. Se bem que naquela idade a gente estava mais interessada na diversão que no aprendizado, é claro! Você se lembra desse jogo? Humm, acho só quem tenha entre trinta e cinco a quarenta e poucos anos... Brincando, brincando, mesmo sem querer, decorei muitas placas e regras do trânsito.
Lembro que gostava quando saía os números 22, 33 e 44. A gente “cantava a pedra" desses números assim: 22 – era dois patinhos na lagoa; 33 – era a idade de Cristo e 44 – era Quari quaquá... Naqueles dias eu achava quarenta e quatro tão distante de mim. Achava que era muita idade, quase meio século.
E aqui estou eu, de hoje a sete dias farei o tão distante “quari quaquá”... Pois é! Começo o ano ficando mais velha! Mais velha, não... Começo o ano renovando o amor!
De tudo isso, só uma coisa me entristece... A cada nova idade, sinto como seu eu roubasse os anos de vida dos meus pais. É! Olhando para mim, os vejo mais envelhecidos e sinto que os perco a cada ano.
Sabe, de uma coisa? Já sinto saudades da ausência deles em minha vida. Da falta que farão, do vazio deles que se encherá em mim...
Para cada um ano que envelheço, eles envelhecem de três a quatro anos. Percebo a debilidade deles no coração que descompassa, nos ossos que fragilizam, na vista que cansa, na memória que esvai, entre outras coisas que vão dando sinais do triste adeus...
Mas, em contrapartida, do outro lado da vida, olho um recomeço... A vida se renova nos meus filhos, na vida que desabrocha. Então compreendo ali o ciclo da vida seguindo seu curso... Também eu perco de dois a três anos para cada ano dos meus filhos. Sendo assim, fico de novo feliz. Feliz por vê-los crescendo cheios de entusiasmo, alegres, fortalecidos, renovando as esperanças aqui dentro de mim.
Sim... A cada ano não fico mais velha, eu renovo esperanças pela capacidade que tenho em amar e ser amada.
Viver é uma troca de amor. Ganho vida dos meus pais e dou vida para meus filhos. O amor por si se renova...
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 11/01/2009
Alterado em 11/01/2009