ATÉ ONDE VAI A SUA CORAGEM?
Uma vez escrevi uma crônica que me fez refletir. Fiz uma auto-análise, como sugere Sócrates com sua célebre frase: “Homem, conhece-te a ti mesmo”. Sim, é preciso conhecer-nos para descobrir quem de fato somos para descobrirmos nossos desejos, medos, coragens, defeitos... Para aí sim, poder ser melhor e melhor ser para o outro.
Descobri que me falta coragem para muitas coisas... Coragem grande e coragem pequena. Falta coragem para aquela vontade de cortar o cabelo curto e pintá-los de vermelho. Por que será que não consigo? Se eu sei que se não gostar do corte, tem mais cabelo de onde saiu? Quer dizer, que vai crescer de novo. Pode demorar um pouco, mas vai! Falta coragem para visitar uma reserva ambiental onde há macacos soltos, pois “morro” de medo deles! Falta coragem para ficar sozinha em lugar pequeno e sem luz... Entre outras coisas.
Mas, tenho coragem de dar minha vida pelos meus filhos, para os membros da minha família e amigos; coragem de chorar no meio de qualquer pessoa quando me emociono ou estou triste; coragem de falar a verdade, mesmo que não concordem; coragem de dizer que amo quando amo, de pedir perdão, de reconhecer um erro meu...
Descobri também que, nessa auto-análise, quando estou triste, eu me travo. Não consigo escrever, produzir nada de bom. Hoje estou triste. Muito. Por isso estou incoerente. Quando a tristeza é por causa pessoal, fico inspirada, mas quando é por dor alheia, me fecho. Alguém que amo está passando por momentos difíceis num hospital e o que mais me dói é que não posso fazer nada além de uma prece... Perco palavras, apetite, alegria. Fico nublada, vazia, ilha... Fico desejando ser uma ostra quietinha, fechada, enclausurada para entender o mundo e dor que ele me traz. Não para fugir, mas para meditar.
Por amor, minha coragem é desmedida. Faço coisas impossíveis e inacreditáveis. Já por medo, a coragem some. Medo de perder, medo de magoar e esse medo incompreensível de macacos que tenho que trava a fala, as pernas. Não sei... Mas, se me colocarem num ambiente sozinha com um macaco ou um mico que seja, eu desmaio ou morro.
Nunca sei até onde vai a minha coragem... Você sabe? De que tem medo?
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 10/12/2008
Alterado em 11/12/2008