AS CARTAS DE JULLY ... (I)
Querido leitor, começa aqui uma série sobre uma menina chamada Jully. Ela escreve cartas. Para ninguém e para todos. Ela simplesmente escreve cartas sobre o que vive, vê e sente no seu dia-a-dia e depois,faz um aviãozinho e arremessa ao vento, sem destino definido... Assim, como na vida real, ela vai crescer, mas tudo no devido tempo. Jully tem muita história para contar... Não repare as repetições de palavras e possíveis erros que poderá encontrar nas cartinhas dela, afinal Jully só tem oito anos. Conforme for crescendo, suas escritas serão aperfeiçoadas. Você quer ler a primeira cartinha? Ela já vai lançá-la ao vento. Aguarde...
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Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1973.
Oi, pessoa! Tudo bem? Meu nome é Jully, tenho oito anos e quatro irmãos. Dois meninos e duas meninas. Somos cinco irmãos. Mas, só vou falar de mim porque não gosto de falar dos outros, mesmo que esses os outros sejam meus irmãos ou meus pais. Porque tem coisas que a gente não gosta de falar para os outros e eu não sei do que eles não gostam de falar, entendeu? Sabe do que eu gosto? Gosto de observar as coisas... Gosto de observar as joaninhas. Elas são tão bonitinhas, você não acha? Uma vez encontrei uma rosa com pintas amarelas. Linda de morrer! A minha irmã caçula morreu de inveja! Mas a inveja dela é inveja boazinha... Sabe o que é inveja boazinha? É aquela inveja que a gente quer uma coisa igual, não aquela inveja feia que a gente quer destruir ou que outro perca a coisinha bonita. Gosto de ver vaga-lumes. Aqui em casa tem monte deles, mas só de noite. De dia não sei para onde eles vão! Nunca vejo um, engraçado, né? Teve uma vez... Ai, eu me arrependo do que eu fiz... Mas morria de curiosidade para ver se eles tinham pilhinhas na “bunda” e prendi um deles num vidro... Daí ele morreu! Sabe o que eu fiz? Peguei e esfreguei a “bundinha” dele na minha saia... Era noite e a saia ficou linda iluminada como se fosse um vaga-lume. Minha mãe brigou comigo... Depois eu chorei de arrependida... Mas, que ficou lindo ficou! Ah, você já teve a estranha sensação de estar sendo observado por alguém? Eu sempre tenho! Até já fui lá pertinho do pé de abiu para ver se tinha algum moleque me espiando, mas não tinha ninguém! Mamãe diz é meu anjo da guarda e que só as crianças sentem a presença dos anjinhos. Espero que seja mesmo. Às vezes os adultos inventam umas histórias assim pra gente não ficar com medo...
Agora preciso ir... Minha irmã mais velha tá me chamando pra gente ir para a escola. Ah, eu estou na segunda série. Sou boa aluna, adoro ler e as aulas de estudos sociais.
Um beijo e até amanhã!
São 06:30
Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 23/11/2008
Alterado em 28/11/2008