Djanira Luz dj@
As Palavras Que Criam Vida...
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TRÊS CONSELHOS

Esta história foi contada por um barbeiro amigo chamado Otávio, tem  setenta e seis anos de idade, muita sabedoria e causos para contar. Sinto não ter tomado ciência desta lição antes. Certamente seria uma mulher melhor do que sou hoje...
Vou recontar história mais ou menos do jeito que ouvi.  Desconheço o título, mas vou pôr um. Peço, por favor, se alguém conhecer e a tiver completa, que me repasse para que eu faça os devidos acertos. Obrigada!

                                                   ***
PAGAMENTO: TRÊS CONSELHOS

Conta -se que um camponês, deixou sua família e foi trabalhar para um fazendeiro rico, recebendo como pagamento, apenas moradia e alimento.  Após vinte anos trabalhando naquela fazenda, o camponês  resolve voltar para a família e pede para que o patrão faça as contas dos anos de trabalhos e lhe pague. Eis que o patrão responde:

- Caro amigo, meu pagamento por esses vinte anos, serão três conselhos.

- Três conselhos? – questionou o pobre homem. – Como assim?

- Não tem conversa, é a única coisa que posso oferecer.

O camponês era homem humilde, de bom coração e  acima de tudo, ficou muito amigo do patrão. Não havendo o que fazer respondeu:

- Tudo bem, então. Diga-me, senhor, os seus conselhos quais são?

-Primeiro conselho: – disse o patrão. – Nunca aceite hospedagem em casa de homem velho que tem mulher nova.

-Segundo conselho: Nunca pegue atalhos. – continuou o patrão.

- E terceiro conselho: Pense três vezes antes de fazer qualquer coisa na sua vida.

O camponês ficou algum tempo assimilando aqueles conselhos. O patrão veio com duas broas grandes e disse:

- Leva esta broa para comer pelo caminho até chegar a casa. Esta outra guarda na sacola para comer com sua família e leve esta pistola para sua proteção.

Os dois se cumprimentaram e o camponês seguiu o caminho de volta para casa.

                   ***

À certa altura da viagem, o camponês cansado, avistou uma fazenda. Como estava escurecendo, foi até lá pedir repouso. Atendeu um senhor idoso muito gentil que ofereceu hospedagem. Quando ia entrar na casa, o camponês avistou uma jovem e bela mulher. Lembrando-se do conselho do patrão amigo, falou:

- Obrigado pela acolhida, mas poderia me arrumar um cobertor velho que vou dormir debaixo daquela carroça, se o senhor permitir...

- Não! Temos quartos vagos. Faço questão que durma em nossa casa.

– insistiu o velho fazendeiro.

- Acontece, bondoso senhor, que partirei logo de madrugada, pois tenho pressa de chegar em casa, são muitos anos longe da família e não quero incomodar sua família... – revelou o camponês.

- Bem, sendo assim, se acha melhor... Que seja! – disse o velho voltando para dentro de casa.

A certa hora da madrugada, o camponês escuta passos, ouve tiros e fica quieto escondido debaixo da carroça. Ele pega uma navalha e fica de posse dela nas mãos para poder se defender de um possível ataque. Quando um vulto passa perto da carroça, rapidamente o camponês corta um pedaço da roupa do invasor da fazenda. Passado algum tempo, o camponês sai debaixo da carroça, vai até a casa e descobre que o velho e a jovem mulher estão mortos.

Mais que depressa, o camponês segue pela estrada. Acontece que a polícia já estava ali e vendo aquele estranho próximo à fazenda, chega perto dele e diz que ele é acusado de assassinato. No que ele revela:

- Senhor policial, eu sei quem matou o casal...

- Como é que sabe?- quis saber o chefe de polícia

- O homem que matou o casal usava esta roupa. Eu acho é foi o padre. Chame o padre e veja se falta uma parte da batina...

- Que isso, homem, acusar um padre de assassinato?- surpreendeu-se o delegado.

Mesmo duvidando, o delegado mandou buscar o padre. Logo que chegou, o delegado percebeu que faltava mesmo um pedaço da batina. O camponês foi liberado e o padre preso.

                                ***

De novo, o camponês seguia seu caminho quando apareceu um homem que falou:

- Olá companheiro, está indo para o lado norte? Aqui tem um atalho, vamos por aqui, chegaremos mais cedo ao nosso destino.
O camponês ficou tentado em ir, mas novamente as palavras do patrão falaram mais alto.

- Muito obrigado pela dica, mas prefiro ir por aqui com calma contemplando a natureza... - Disfarçou o camponês.

- Você é quem sabe, amigo! Boa viagem! – Despediu-se o viajante.
Mais a frente, o camponês encontra um carro de polícia. Pára para saber do ocorrido. Então fica sabendo que um homem pegou um atalho onde havia bandidos foragidos e foi assaltado, esfaqueado e morto.
Outra vez o camponês ficou convencido de que deveria mesmo seguir os conselhos do patrão.

                                                 ***
Quando estava próximo a casa, o camponês avistou um padre entrando apressado dentro da sua casa. Ficou com o coração angustiado acreditando ser o padre que fugiu e veio se vingar da família dele. O camponês pegou a arma disse consigo mesmo:

- Vou matar aquele desgraçado!

Quanto mais se aproximava, mais ele desejava eliminar aquele assassino. Chegou ao portão da casa e escutou gritos. Pensou: “Ele está fazendo mal para minha mulher... Vou matá-lo!”

E acelerou o passo, correu. Estava engatilhando a pistola para atirar, quando se lembrou das palavras do patrão. Recolocou a pistola na sacola e entrou na casa. Que surpresa ao ver que seu irmão caçula se tornara padre!

Se não tivesse pensando bem, naquele momento estaria chorando a morte do irmão caçula...

A mulher, os filhos e o irmão ficaram muito felizes pelo retorno do camponês. Estavam com fome, pois não havia muito que comer.  O camponês tirou da sacola a outra broa, agradeceu a Deus e partiu. Para sua alegria e espanto, dentro daquela broa havia grande quantidade de moedas de ouro!

O bondoso patrão, além de salvar a vida do amigo camponês, soube compensá-lo com generosidade pelos anos que ele o serviu.

                                        ***

MORAL DA HISTÓRIA: ATENTE PARA ESTAS TRÊS MÁXIMAS

1. Respeite a casa do próximo.
2.Não queira "subir na vida" por meios ilícitos, "pegando atalhos", o caminho curto pode fazer da sua vida e liberdade igualmente curtas.  
3. Antes de falar, escrever ou fazer: Pense três vezes antes...



                  “Quem não ouve conselhos, ouve: coitado...”





Djanira Luz
Enviado por Djanira Luz em 01/11/2008
Alterado em 18/12/2008
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