O almoço estava sendo servido quando chegou um amigo. Ele foi convidado a se unir à minha família para a refeição. No canto da mesa, além do refrigerante e do jarro de suco, havia um pote com molho de pimenta. O amigo foi colocando uma grande quantidade de pimenta em seu prato que, até para mim que estou acostumada com esse condimento desde bem pequena, considerei um exagero. Alertei-o dizendo que aquele molho, como se diz na Bahia, era quente! Parecia que ele estava querendo se exibir. Dizia que aguentava, que era “macho e, sem dar importância ao meu aviso, o amigo caprichou ainda mais nas colheradas do molho de pimenta. Na hora pensei: Não quis me ouvir, então que arque com as consequências!

Não demorou muito, depois das primeiras garfadas, quando reparei que o amigo estava com suor na testa e o rosto bem vermelho como o molho de pimenta. Os olhos azuis estavam tão mais claros, contrastando com o vermelho da face. Nem deu tempo de avisar... O encheu um copo duplo do suco e bebeu de uma golada só.

Lamento, até hoje, não estar como uma câmera naquele exato momento para registrar a cara de desespero dele quando acabou de beber o refresco. Era de gengibre! Só conseguiu dizer:

- PQP...! Até o suco nesta casa é de pimenta!!!

Adendo: Perdoei a falta de elegância do amigo por ter soltado um palavrão à mesa, pois sempre me valho da expressão “Inter amicos non esto judex” (Não sejas juiz entre amigos).