Por muitas décadas, janela foi o point preferido das fofoqueiras, através dela podiam saber tudo o que se passava na vizinhança. Não raras vezes se ouvia algum menino mais endiabrado gritar:
- “Saia da janela, velha fofoqueira!” -.
Com a evolução dos anos, e do avanço tecnológico com seus aplicativos de redes sociais, as fofoqueiras trocaram as janelas das casas pelas janelas das mãos. Hoje se sabe de tudo, e um pouco mais, com o toque do dedo. A velocidade das informações pôs quase em desuso o concorrido jornal impresso com as notícias frescas. Agora nem tão frescas.
Há momentos que sinto uma vontade atrevida, dos guris do passado, e gritar a mesma frase para os bytesfofoqueiros que não desgrudam os olhos da janela virtual. Por outro lado, volta e meia, e mais meia volta, eu me pego com a mente aberta divagando como seria o mundo do jeito que gostaria que fosse.
É tão divino o imaginado a ponto de não querer sair desse sonho, mas a realidade me grita e sacode com suas mãos fortes e racionais: Saia da janela, Dona lírica! Então, para não me distrair, adormecer e cair da janela como o jovem Êutico, opto por olhos despertos, e aproveito o melhor, o belo e o mais importante que há ao meu redor.